terça-feira, 10 de julho de 2012

Amores platônicos.

Eles existem. Não há o que questionar. Haverá sempre amantes que não serão amados, mais que isso, viverão dessa plena e completa impossibilidade do querer e não ter. Amar é uma via de mão dupla, dar e receber atenção, criando elo místico entre duas pessoas, correto? Em partes. Contemplar é divino, possuir é humano, dividir é um luxo. Há algo de absurdo em querer o impossível, mas acredito que mais absurdo ainda seria não desejá-lo, pois ainda que distante, são sonhos que nos impulsionam nessa dura realidade de osso, não? Amores recíprocos e concretos são bonitos, sim, rendem muitas promessas e casais felizes, presentes do dia 12, torpedo de boa noite, noivados, casamentos, ‘felizes para sempre e até que a morte nos separe’; mas nem só de amores habituais e corriqueiros se fazem as estórias, os impossíveis também estão aí, eles existem e resistem ao tempo e a toda falta ou condição imposta como necessária para ser realizado e concretizado, de fato, segundo nossa cabeça limitada. Taí uma baita incoerência, talvez nosso maior paradoxo; se existe coisa mais abstrata que o amor me digam. Pois sinceramente sempre acabo escapando com adjetivos vagos, subjetivos ou clichês. Achando um tanto inviável tornar isso em algo palpável, definível. Mania de querer conceituar tudo essa nossa, hein? E se a gente não pode sequer conceituar, quem somos pra rotular um modelo? Perto, longe? Subúrbio, Paris? Real, imaginário? Mulher melão, Sandy? Romance, lance? Nelson Rodrigues, Caio Fernando de Abreu?Safado, doce? Vizinha, Drew Barrymore? O importante é a ação, que ele exista, ainda que na primeira pessoa do singular, sua força nunca estará solitária, pois quando há um, sempre haverá outro, e sua busca nunca será vã, sempre havendo alguém pra nos mover, mesmo sendo uma utopia. Viver é só uma parte desse troço todo chamado amor. Sentir também é viver, ainda que numa lembrança ou idealização. E sentir independe de carinho, tesão, tato, contato ou reciprocidade. Sente-se sozinho, a dois, numa lembrança, na mais vaga imaginação. É pura perversão gozar da liberdade que temos quando sentimos. Podemos (re)criar inúmeras vezes aquele beijo que não aconteceu, aquele ‘eu te amo’ que não saiu, aquela mão que não desceu e sentir o gosto bom da dúvida sobre qual teria sido a reação da outra pessoa. Independente dela existir ou não. Independente dela saber que existamos ou não. Afinal, nem todo amor se faz de presença. Amar sempre será verbo intransitivo.

4 comentários:

  1. Pois é... Quem nunca teve, ou até mesmo sofreu por um amor platônico que atire a primeira pedra...

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  2. verdade mas melhor e´amar e ser amado

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  3. Muito bom o seu blog, estive a percorre-lo li alguma coisa, porque espero voltar mais algumas vezes,deu para perceber a sua dedicação em partilhar o seu saber.
    Se me der a honra de visitar e ler algumas coisas no Peregrino e servo ficarei radiante.
    E se gostar e desejar comente.
    Que Deus vos abençõe e guarde.
    Abraço.Peregrino E Servo.

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